É muito raro conseguir dar sem nenhuma expectativa de volta.
Esta seria a ação mais pura: dar, sem querer nada. Mas diga uma coisa: existe
alguma mente na face da Terra que não queira algo? Um carinho, um afago, um
agradecimento? E vamos ser sinceros: dinheiro, prazer, bem-estar, saúde,
amizade?
A mente deseja, por natureza. Ela está condicionada a isso.
E a mente também sofre, por condicionamento, quando acredita que não tem o que
deseja. Por isso, é muito difícil estar vazio de expectativas. No mínimo, ao
dar, mesmo que não queiramos nada de material, estamos desejando a cura para o
próprio sofrimento. Assim é o jogo.
E para quem vamos dar algo? Para alguém que quer receber.
Alguém que está ávido por algo que você tem a dar. Além das aparências das
coisas materiais que possamos dar, o que mais um ser humano quer é: carinho,
afago, reconhecimento, amizade...
Então, quando damos dinheiro, o outro está,
talvez, recebendo... amizade. Aquela amizade que ele sentiu falta desde a
infância, quando percebeu que não era valorizado na sua família, no seu meio
social. Quando damos um abraço, quem sabe a pessoa receba prazer... prazer
físico, que faltou na sua própria relação com a sua mãe. Quando damos atenção,
o outro pode estar se sentindo reconhecido - "sou gente!", pensa ele,
fato não verificado na sua relação com o pai ausente ou com os irmãos invejosos
e infantis...
Alex Possato
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