“A liberdade está em vós. Não onde a buscais, mas em vosso verdadeiro Eu. Porque é ele que transcende o tempo e o espaço, e vos pode levar aonde quiserdes ir.
Assim, não estareis presos senão quando presos vos sentirdes. E as correntes terão o peso que a elas atribuirdes.
Pois, assim como não percebeis a prisão do corpo e da gravidade, a nada vos sentireis obrigados, se tudo fizerdes por vossa própria vontade e com amor.
Se, ao contrário, o fizerdes com revolta, pesadas serão as vossas correntes; e o seu peso findará por esmagar-vos.
Livre não é aquele que não tem obrigações, mas o que as cumpre com alegria. Como não é aquele que pode estar em todos os lugares, mas o que de lugar algum necessita.
Livre não é aquele que pode pegar o que quiser, mas o que pode dizer com sinceridade: “- Sou feliz com o que tenho”. E não é aquele que satisfaz todas as suas vontades, mas o que não se escraviza aos seus próprios desejos.
Eu vos digo que, se um homem ama a sua prisão, ele será livre em sua cela. Pois o que nele existe de mais verdadeiro não estará encerrado entre paredes, mas envolto no amor. E viajará com o vento, cantando as mais lindas canções e sentindo os mais doces perfumes.
E vos digo que aquele que não ama jamais será livre, ainda que todo o mundo lhe pertença. Porque estará encerrado na prisão do seu egoísmo, encarcerado na solidão de sua alma. E o seu Eu não ouvirá as canções, nem sentirá os perfumes.
Tudo isto, eu vos digo. Todavia, não posso esperar que me entendais.
Pois estais demasiadamente presos aos vossos conceitos, e assim não sois livres para encontrar as verdades.”
Flávio Cruz
Trechos do livro Hassan – pág. 33
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