"A alma é uma divisão nascida da ilusão.(...)
O que temos em vista quando falamos a respeito de uma alma?
Refere-se a uma consciência limitada.
Para mim há somente a vida eterna — em contraste com essa consciência limitada que chamamos "eu".(...)
A maioria das pessoas acredita na existência da alma sob uma forma ou outra forma.
Não compreenderão o que vou dizer, se, em defesa simplesmente disto, se opuserem ou citarem alguma autoridade da crença por vocês cultivada, através da tradição e do medo; nem pode esta crença ser chamada intuição, quando é apenas uma vaga esperança.A ilusão divide-se a si própria, infinitamente.
Primeiramente, vocês tem o corpo, depois a alma que o ocupa e, finalmente, Deus ou a Realidade: é assim que vocês tem dividido a vida.
A consciência limitada do "eu" é o resultado das ações incompletas e esta consciência limitada vai criando suas próprias ilusões, prisioneira de sua própria ignorância, e quando a mente está liberta de sua própria ignorância e ilusão, então manifesta-se a realidade; não são "vocês" que se tornam essa realidade.
Por favor, não aceitem o que digo, porém, comecem a investigar e a compreender como é que a crença de vocês veio à existência.
Então verão de que maneira sutil a mente dividiu a vida. Começarão a compreender o significado desta divisão, que é numa forma sutil do desejo egoísta de continuidade.
Enquanto esta ilusão, com todas as suas sutilezas, existir, não pode haver realidade.
Como este é um dos assuntos de maior controvérsia e existe tanto preconceito relativo à ele, importa ser muito cuidadoso, para não se deixar dirigir pelas opiniões pró ou contra a ideia de alma. Para compreender a realidade, a mente tem de estar, completamente livre da limitação do medo, com sua ânsia de continuidade egoísta.(...)
Não se detenham em compreender a alma, porém, em lugar disso, procurem compreender a vida da alma."
J. Krishnamurti em O medo
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