O ressentimento é a raiva há muito sufocada. O
principal problema do ressentimento é que ele costuma se alojar sempre em uma
determinada parte do organismo. Com o passar do tempo, naquele local vai se
formando um cisto, que pode se transformar em tumor, que vai comer o corpo por
dentro. Portanto, não existe nada pior para a saúde do que a raiva reprimida
durante muitos anos.
Muitos de nós fomos criados em famílias em que não
era permitido extravasar raiva. Em algumas delas, só o chefe da casa possuía
esse direito. Dessa forma, os outros membros tinham de aprender a engolir a
raiva. Isso é especialmente frequente com mulheres, que em geral foram
ensinadas que externar raiva era pouco feminino e sinal de falta de educação.
Muitas mulheres criam quistos e tumores no útero
devido àquilo que chamo de síndrome ele me magoou. Elas são pessoas com
problemas emocionais que guardam seu ressentimento na área genital. Agem como
as ostras, que, ao absorverem um grão de areia, criam em torno dele camada após
camada de carbonato de cálcio para escaparem da irritação, até que se forma uma
pérola. Essas mulheres absorvem mágoa e ficam repisando seu ressentimento com o
parceiro ou, como costumo dizer, passando sempre o velho filme, e as camadas e
camadas de raiva reprimida acabam se transformando em um quisto e depois um
tumor.
Como o ressentimento geralmente está muito fundo
dentro de nós é comum ele exigir muito trabalho mental para ser dissolvido.
Recebi uma carta de uma senhora que estava lidando com seu terceiro tumor
canceroso. Ela me contou que fazia muito trabalho mental, mas percebi por suas
palavras que ainda guardava dentro de si um forte sentimento de indignação e
amargura, que, no fundo, ela achava mais fácil deixar a cargo do médico extrair
o tumor do que trabalhar com grande constância em dissolver seus
ressentimentos. Ora, os médicos podem ser muito bons em extrair quistos ou
tumores, mas só o próprio paciente pode impedi-los de voltar.
Existem pessoas que preferem morrer a mudar seus
padrões. Você com certeza conhece alguém que se recusa a modificar seus hábitos
alimentares, apesar de saber que corre perigo ao mantê-los. Isso pode ser
bastante difícil para uma pessoa que vê um ente querido praticando exageros e
percebe que é incapaz de modificá-lo.
No entanto,
tenha em mente que não importam as escolhas, elas são sempre as corretas para
quem as faz dentro de seu nível de compreensão e conhecimento. Não existe
culpa, mesmo se a pessoa deixar este planeta devido a seus hábitos arraigados.
Ninguém deve
se culpar por falhar ou fazer algo errado. Repito: uma pessoa está sempre
fazendo o melhor possível dentro do grau de percepção e conhecimento que
possui. Estamos todos em uma interminável viagem pela eternidade e temos vida
após vida para aprendermos. O que não formos capazes de resolver nesta vida,
com toda a certeza resolveremos numa das próximas.
Louise Hay
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