As pessoas vivem toda a sua vida a acreditar no que os outros
dizem, dependentes dos outros. É por isso que têm tanto medo da opinião dos
outros. Se eles pensam que você é mau, torna-se mau. Se o condenam, começa a
condenar-se. Se dizem que é pecador, começa a sentir-se culpado. E, como
depende da opinião deles, é obrigado a conformar-se constantemente com as suas
opiniões; senão eles mudarão de opinião. Ora isso cria uma escravidão, uma
escravidão muito sutil. Se quiser ser considerado bom, digno, belo,
inteligente, tem de fazer concessões, tem de se comprometer continuamente com
as pessoas de quem depende.
E levanta-se um outro problema. Como há muitas pessoas, elas
estão sempre a alimentar a sua mente com diferentes tipos de opiniões —
opiniões conflituosas, ainda por cima. Uma opinião a contradizer outra opinião
— daí que exista uma grande confusão dentro de si. Uma pessoa diz que você é
muito inteligente, outra pessoa diz-lhe que é estúpido. Como decidir?
Então
fica dividido. Fica com dúvidas sobre si próprio, sobre quem é... uma
ondulação. E a complexidade é muito grande, porque há milhares de pessoas à sua
volta.
Você está em contato com muitas pessoas e cada uma delas mete
a sua ideia na sua mente. E ninguém o conhece — nem você mesmo se conhece —,
pelo que toda essa coleção se amontoa dentro de si. É uma situação de
enlouquecer. Tem muitas vozes dentro de si.
Sempre que se pergunta quem
é, surgem muitas respostas.
Algumas dessas respostas serão da sua mãe, outras serão do seu
pai, outras ainda do professor, e assim por diante e assim sucessivamente, e é
impossível decidir qual delas é a resposta certa. Como decidir? Qual o
critério? É aqui que o homem se perde. Chama-se a isto ignorância de si
próprio.
Mas como depende dos outros, tem medo de entrar na solidão —
porque no momento em que começar a entrar na solidão começará a ter muito medo
de se perder. Em primeiro lugar, você não se tem a si próprio, mas, qualquer
que seja o eu que criou a partir da opinião dos outros, tem de o deixar para
trás. Daí que seja muito assustador interiorizar-se. Quanto mais fundo for,
menos saberá quem é. É por isso que quando procura conhecer-se realmente a si
próprio, antes de o conseguir terá de abandonar todas as ideias que tem sobre o
seu eu.
Haverá um hiato, haverá uma espécie de coisa nenhuma. Tornar-se-á uma
não-entidade. Sentir-se-á completamente perdido, porque tudo o que
conhece deixará de ser relevante e aquilo que é relevante ainda não conhece.
Osho, in Intimidade
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