“A árvore que produz maus frutos não é boa, e a
árvore que produz bons frutos não é má; porque cada árvore se conhece pelo seu
próprio fruto.
Não se colhem figos dos espinheiros e não se cortam cachos de
uva de sobre as sarças…”
Fugimos constantemente de nossos sentimentos
interiores por não confiarmos em nosso poder pessoal de transformação e, dessa
forma, forjamos um “disfarce” para sermos apresentados perante os outros.
Anulamos qualquer emoção que julgamos ser
inconveniente dizendo para nós mesmos: “Eu nunca sinto raiva”, “Nunca guardo
mágoa de ninguém”, vestindo assim uma aparência de falsa humildade e
compreensão.
Máscaras fazem parte de nossa existência, porque
todos nós não somos totalmente bons ou totalmente maus e não podemos fugir de
nossas lutas internas. Temos que confrontá-las, porque somente assim é que
desbloquearemos nossos conflitos, que são as causas que nos mantêm prisioneiros
diante da vida.
Devemos nos analisar como realmente somos.
Nossos problemas íntimos, se resolvidos com
maturidade, responsabilidade e aceitação, são ferramentas para construirmos
alicerces mais vigorosos e adquirirmos um maior nível de lucidez e crescimento.
Não devemos nunca mantê-los escondidos de nós
próprios, como se fossem coisas hediondas, e sim aceitar essas emoções que
emergem do nosso lado escuro, para que possamos nos ver como somos realmente.
Por não admitirmos que evoluir é experimentar
choques existenciais e promover um constante estado de transformação interior é
que, às vezes, deixamos que os outros decidam quem realmente somos,
colocando-nos, então, num estado de enorme impotência perante nossas vidas.
A maneira como os outros nos percebem tem grande
influência sobre nós. Amigos opressores, religiosos fanáticos, pais dominadores
e cônjuges inflexíveis podem ter exercido muita influência sobre nossas aptidões
e até sobre nossa personalidade.
Portanto, não nos façamos de superiores,
aparentando comportamentos de “perfeição apressada”; isso não nos fará bem
psiquicamente nem ao menos nos dará oportunidade de fazer auto burilamento.
Deixemos de falsas aparências e analisemos nossas
emoções e sentimentos, aprimorando-os. Canalizadas nossas energias, faremos
delas uma catarse dos fluxos negativos, transmutando-as a fim de integrá-las
adequadamente.
Aceitar nossa porção amarga é o primeiro passo para
a transformação, sem fugirmos para novo local, emprego ou afetos, porque isso
não nos curará do sabor indesejável, mas somente nos transportará a um novo
quadro exterior. Os nossos conflitos não conhecem as divisas da geografia e, se
não forem encarados de frente e resolvidos, eles permanecerão conosco onde quer
que estejamos na Terra.
Para que possamos fazer alquimia das correntes
energéticas que circulam em nossa alma, procedamos à auto-observação e à auto análise
de nossa vida interior, sem jamais negar a nós mesmos o produto delas.
Lembremo-nos de que, por mais que se esforcem as
más árvores para parecer boas, mesmo assim elas não produzirão bons frutos.
Também os homens serão reconhecidos, não pelos aparentes “frutos”, não por
manifestarem atos e atitudes marcados de virtudes, mas por serem criaturas
resolvidas interiormente e conscientes de como funciona seu mundo emocional.
Somente pessoas com esse comportamento estarão
aptas a ser árvores produtoras de frutos realmente bons.
Hammed
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