"A
porta para o divino é a espontaneidade. Ser espontâneo é ser divino.
A mente
nunca é espontânea, ela está sempre no passado ou no futuro, está naquilo que
já foi ou naquilo que ainda não aconteceu. Entre um e outro, ela perde aquilo
que é – ou seja, a porta presente.
O momento
presente não é parte do tempo, por isso a mente não pode acessá-lo. Mente e
tempo são sinônimos. Você pode dizer que a mente é o tempo dentro de seu ser, e
o tempo é a mente fora de você, mas eles são um único fenômeno.
O momento
presente não é parte do tempo nem da mente. Quando você está no momento
presente, está em um estado divino. Esse é o verdadeiro significado da
meditação, o verdadeiro significado da oração, o verdadeiro significado do
amor. E, quando você age no momento presente, essa ação nunca é escravizadora,
porque não é sua: é o divino agindo através de você, é o divino fluindo através
de você….
Antes de
a morte chegar, o verdadeiro lar tem de ser encontrado. E ele pode ser
encontrado, porque não está longe. Pode ser encontrado porque está exatamente
dentro do seu ser. Você não precisa viajar nem um pouco; ao contrário, você tem
de se sentar quieto e abandonar todos os tipos de viagens mentais.
Quando a
mente não se move para o passado nem para o futuro, ficando no agora, essas
viagens acabam. E, nesse exato momento, a semente começa a se desenvolver numa
planta. As possibilidades, então, são infinitas – as frutas, as flores, o sol,
os ventos, a chuva… E você aproveita tudo.
Você pode
dançar com o vento, pode partilhar alegria com as nuvens, pode sussurrar com as
estrelas…
Fique
cada vez mais em silêncio. Sempre que tiver oportunidade, sente-se em silêncio,
sem fazer coisa alguma, nem sequer meditação. Apenas se sente em silêncio, sem
propósito algum. Lentamente, lentamente, o silêncio cresce, torna-se uma
experiência dominadora. E, quando o silêncio o permear, você saberá quem você é
e saberá o que essa vida é. Sabendo disso, você conhecerá Deus….
Seja o
mais silencioso possível. Sente-se cada vez mais em silêncio – e não só em
silêncio físico. Este também é útil e cria uma situação, mas ele não é o fim, é
apenas o começo. É mais importante que a mente fique em silêncio, que a mente
pare de tagarelar. E ela para – o problema é que nunca tentamos.
Tudo o
que é preciso é um processo muito simples: sente-se dentro de si e observe.
Deixe a mente fazer todo tipo de truque e apenas observe, sem julgar nem dizer
se é bom ou mau, sem escolher nem rejeitar – fique totalmente indiferente,
sereno, apenas como um observador. Lentamente, lentamente, se você ficar sereno
e indiferente, você pega o jeito.
Primeiro
a mente tenta todo tipo de truque conhecido e depois, aos poucos, ela começa a
se sentir embaraçada, porque você não se deixa afetar de maneira alguma, nem de
um jeito nem de outro. Se você se deixar afetar e ficar contra ela, ela se
sentirá perfeitamente à vontade e o perturbará. Por isso, não se coloque contra
ela, não lute contra ela, não se torne vítima dos truques dela. Apenas
permaneça indiferente.
Muitas
vezes você se deixará envolver. Quando perceber isso, solte-se, recomponha-se,
comece a observar de novo. Surge um pensamento – observe-o. Ele aparece bem à
sua frente – olhe para ele. E ele passa. Observe-o, sem nenhuma ideia sobre ser
bom ou ruim, se deveria ou não estar lá, sem nenhuma atitude moral – apenas uma
observação serena, científica.
Um dia,
de repente, ele não está mais lá, e nesse dia um silêncio tão profundo toma
conta de você, como você nunca sentiu antes. E ele nunca mais o abandona,
permanece com você, torna-se sua própria alma. É libertador….
Dissolva-se
numa energia de amor, torne-se uma energia de amor – não amor por algo específico,
mas amor por tudo, e até por nada! Não é preciso um objeto de amor, mas apenas
uma energia transbordante de amor.
Se você
está sentado em silêncio em seu quarto, deixe que o ambiente se torne cheio de
energia de amor, crie uma aura de amor à sua volta. Se você estiver olhando
para as árvores, ame as árvores. Se estiver olhando para as estrelas, ame as
estrelas. Você é amor, e pronto! Portanto, onde quer que esteja, vá jorrando
amor… até sobre as rochas. E, quando você jorra amor sobre as rochas, elas não
são mais simplesmente rochas.
O amor é
tamanho milagre, tamanha magia, que transforma tudo no objeto amado. Você se
torna amor, e a existência se torna a amada, se torna Deus.
As
pessoas buscam e procuram Deus sem se tornarem amor. Como podem encontrá-lo?
Não possuem o equipamento necessário, nem o contexto e o espaço necessários.
Crie amor e esqueça tudo sobre Deus. Um dia, de repente, você o encontrará em
todo lugar."
Osho em
Meditações para a Noite
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