SEGUNDA PARTE
"Assim, você tem dois
centros. Um centro com o qual você vem, que lhe é dado pela própria existência.
Esse é o eu. E o outro centro, que é criado pela sociedade - o ego. Esse é algo
falso - é um grande truque.
Por meio do ego a sociedade
está controlando você. Você tem que se comportar de uma certa maneira, porque
somente assim a sociedade irá apreciá-lo Você tem que caminhar de uma certa
maneira; você tem que rir de uma certa maneira; você tem que seguir
determinadas condutas, uma moralidade, um código. Somente assim a sociedade o
apreciará, e se ela não o fizer, o seu ego ficará abalado. E quando o ego fica
abalado, você já não sabe onde está, você já não sabe quem você é.
Os outros deram-lhe a idéia.
E essa idéia é o ego.
Tente entendê-lo o mais
profundamente possível, porque ele tem que ser jogado fora. E a não ser que
você o jogue fora, nunca será capaz de alcançar o eu. Por estar viciado no
falso centro, você não pode se mover, e você não pode olhar para o eu. E
lembre-se: vai haver um período intermediário, um intervalo, quando o ego
estará se despedaçando, quando você não saberá quem você é, quando você não
saberá para onde está indo; quando todos os limites se dissolverão.
Você estará simplesmente
confuso, um caos.
Devido a esse caos, você tem
medo de perder o ego. Mas tem que ser assim. Temos que passar através do caos
antes de atingir o centro verdadeiro. E se você for ousado, o período será
curto. Se você for medroso e novamente cair no ego, e novamente começar a
ajeitá-lo, então, o período pode ser muito, muito longo; muitas vidas podem ser
desperdiçadas...
Até mesmo o fato de ser
infeliz lhe dá a sensação de "eu sou". Afastando-se do que é
conhecido, o medo toma conta; você começa sentir medo da escuridão e do caos -
porque a sociedade conseguiu clarear uma pequena parte de seu ser...
É o mesmo que penetrar numa
floresta. Você faz uma pequena clareira, você limpa um pedaço de terra, você
faz um cercado, você faz uma pequena cabana; você faz um pequeno jardim, um
gramado, e você sente-se bem. Além de sua cerca - a floresta, a selva. Mas aqui
dentro tudo está bem: você planejou tudo.
Foi assim que aconteceu. A
sociedade abriu uma pequena clareira em sua consciência. Ela limpou apenas uma
pequena parte completamente, e cercou-a. Tudo está bem ali. Todas as suas
universidades estão fazendo isso.
Toda a cultura e todo o
condicionamento visam apenas limpar uma parte, para que ali você possa se
sentir em casa. E então você passa a sentir medo. Além da cerca existe perigo. Além
da cerca você é, tal como você é dentro da cerca - e sua mente consciente é
apenas uma parte, um décimo de todo o seu ser. Nove décimos estão aguardando no
escuro. E dentro desses nove décimos, em algum lugar, o seu centro verdadeiro
está oculto.
Precisamos ser ousados,
corajosos."
Osho, em Além das Fronteiras
da Mente
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