Certamente cada um de nós, pelo menos uma vez na
vida, refletiu sobre o amor. Essa energia que movimenta toda a humanidade,
muito mais preciosa que o ouro, e de cuja existência às vezes se duvida. É
procurada nos outros, em nós mesmos, nos livros e, quando não é encontrada,
leva à dolorosa sensação de solidão.
Comecemos nossa reflexão vendo o que "não é
amor". Há uma confusão muito grande entre o amor verdadeiro e um produto
similar, chamado 'amor de troca', uma conduta usada como moeda, para dar
direito a cobrar determinados comportamentos dos companheiros. Exemplo típico
disso é a eterna cobrança: "Eu sempre cuidei de você, agora que preciso
não o tenho comigo".
O amor é uma energia que cresce dentro de nós e nos
convida a estar com o outro. Quando estamos em estado de amor, torna-se
inevitável agirmos de forma amorosa.
Portanto, o outro, no fundo, faz-nos um favor ao se
deixar amar por nós.
O amor não é um convite à infelicidade. Quando,
numa relação, as pessoas se sentem amarguradas, convém refletir cuidadosamente,
pois o amor é uma energia que impulsiona para a vida. Quando estamos amando
alguém, sentimo-nos vivos e em sintonia com o Universo.
Amar não é viver assustado, procurando adivinhar o que
o parceiro quer, para obter sua aprovação, ou temendo o seu mau humor. O
sentimento do amor nos dignifica e nos dá a verdadeira dimensão do nosso valor;
faz-nos sentir que pertencemos à raça humana e que não somos simplesmente meros
complementos um do outro.
Amar não é ficar parado, como um rei, esperando que
o outro, pelo fato de estar sendo amado, sinta-se devedor de nosso sentimento O
amor nos proporciona uma sensação de gratidão para com a existência; um
sentimento de ser abençoado pela dádiva divina. E, em retribuição, somos
levados a cuidar desse amor.
Amar não é simplesmente ter desejo sexual que,
apesar de ser algo incrível, não é o único elemento do amor.
Amar é uma viagem a ser feita com alguém, na qual,
ao mesmo tempo em que desfrutamos dessa entrega, desvendamos os mistérios que
ela nos apresenta a cada momento.
O amor é uma força que nos leva a enfrentar todos
os nossos medos, criados desde as primeiras experiências dolorosas de
aproximação. Torna-nos corajosos e ousados, prontos a desafiar o tédio e o
comodismo, a enfrentar o desafio do cotidiano, sem deixá-lo transformar-se em
rotina. Proporciona-nos uma postura de aprendiz, concedendo-nos a suprema
compreensão de que, quando somos levados pelo impulso do amor, realizamos algo.
No amor, não estamos nos submetendo ao outro, mas sim obedecendo às ordens do
sábio que existe dentro de nossos corações.
O amor nos dá coragem para enfrentarmos todas as
mensagens negativas ouvidas na infância, do tipo "homem não presta",
"mulher é complicada", "casamento só traz sofrimento", que
poluem nossos pensamentos.
Não podemos exigir a perfeição do ser amado, pois,
como diz Aristóteles: "O amor é o sentimento dos seres imperfeitos, posto
que a função do amor é levar o ser humano à perfeição".
O amor é um convite a estar com o outro, porque,
como diz Francesco Alberoni: "É um estado nascente de um movimento a dois;
é um querer estar compartilhando alegrias e dores, problemas e soluções com o
ser amado".
O amor leva-nos a respeitar a nossa própria
individualidade e a do outro, pois, como diz Rajneesh: "Viver é como o
ciclo respiratório. Na inspiração entra-se em contato consigo próprio, é o
estar só, é o momento em que se carrega o coração de energia, é a maturação do
feto, a preparação do botão de rosa. E na expiração dá-se o encontro, o
desabrochar do amor, o renascimento com o outro, o 'ser' com o outro. A
respiração não é possível sem os dois movimentos.
Precisamos da inspiração tanto quanto da
expiração."
O amor é a força que nos torna guerreiros, sem
revolta, pois, como dizia Eric Fromm: "Amar é comprometer-se sem
garantias; entregar-se completamente, com a esperança de que o nosso amor
produza amor na pessoa amada".
O amor é uma viagem para dentro de nós, na busca de
respostas que nos revelem o que não está certo conosco, mesmo que o outro
esteja sendo desleixado com nosso amor. Porque, como dizia Antoine
Saint-Exupéry: "O amor é o processo em que você me mostra o caminho de
retorno a mim mesmo".
A palavra amor é muito limitada para expressar a
totalidade do seu significado e, por isso, ao procurarmos conceituar o
sentimento, é inevitável que o limitemos.
O amor é muito mais que o encontro de dois corpos,
muito mais que a união entre duas pessoas. É a própria consciência da
Existência: a crença nas forças divinas, que cuidam de todo o universo e que
nos levam um ao outro, com a mesma fluidez com que aproximam uma nuvem de uma
montanha, que nos proporcionam uma força sobre-humana, que dão energia ao
vento, ao mar e à chuva e que nos tornam grandes como pinheiros gigantescos.
No amor seguimos um caminho, realizando uma
história, cujo final, apesar de todo nosso conhecimento, só vamos saber quando
a completarmos.
A única certeza que temos é a de que o amor é uma
condição inerente ao ser humano. Assim como a flor emana o seu perfume, o homem
e a mulher naturalmente exalam o
amor. Isso é tão inevitável quanto é impossível
proibir a terra molhada de desprender o seu cheiro.
Autor desconhecido
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