Muitas pessoas buscam prazeres físicos, ou formas
variadas de gratificação psicológica, porque acreditam que essas coisas trazem
felicidade ou as libertam de uma sensação de medo ou de falta de alguma coisa.
A felicidade é vista como uma sensação intensa de vivacidade obtida através do
prazer físico, ou como uma sensação de um eu interior mais firme ou mais
completo, obtida através de alguma forma de gratificação psicológica. Essa é
uma busca de salvação que tem origem num estado de insatisfação ou de
insuficiência de alguma coisa. Invariavelmente, a satisfação conseguida dessa
maneira tem curta duração e, assim, a condição de satisfação ou plenitude é
geralmente projetada, mais uma vez, sobre um ponto imaginário, distante do aqui
e agora. “Quando eu conseguir isto ou me livrar daquilo, vou estar bem”. Essa é
uma disposição mental inconsciente, que cria a ilusão de salvação no futuro.
A verdadeira salvação é satisfação, paz, vida em toda
a sua plenitude. É ser quem somos, sentir dentro de nós o bem que não tem
opositores, a alegria do Ser que não depende de nada que esteja fora de nós.
Não é sentida como uma experiência passageira, mas como uma presença
permanente. Na linguagem dos que creem em Deus é “conhecer Deus”, não como algo
externo a nós, mas sim como a nossa essência mais profunda. A verdadeira
salvação consiste em conhecermos a nós mesmos como parte inseparável da Vida
Única, livre do tempo e da forma, de onde se origina tudo o que existe.
A verdadeira salvação é um estado de liberdade, do
medo, do sofrimento, de uma sensação de insuficiência e de falta de alguma
coisa e, portanto, de todos os desejos, necessidades, cobiça e dependência. É
libertar-se do pensamento compulsivo, da negatividade e, acima de tudo, do passado
e do futuro como uma necessidade psicológica. A nossa mente está dizendo que,
do jeito que as coisas estão agora, não vamos conseguir chegar lá. Tem de
acontecer alguma coisa, ou temos de nos tornar isso ou aquilo. Ela está
dizendo, na verdade, que precisamos do tempo, que precisamos encontrar,
negociar, fazer, conseguir, adquirir, compreender ou nos tornar alguém, antes
de nos sentirmos livres e satisfeitos. Vemos o tempo como um meio de salvação,
quando, na verdade, ele é o grande obstáculo para a salvação. Imaginamos que
não podemos chegar lá a partir do ponto em que estamos ou de quem somos neste
momento, porque não nos sentimos ainda completos ou bons o bastante. Mas a
verdade é que o aqui e agora é o único ponto de partida para poder chegar lá. “Chegamos”
lá ao perceber que já estamos lá. Encontramos Deus no momento em que
descobrimos que não precisamos procurar Deus. Portanto, não existe apenas um
caminho para a salvação. Várias circunstâncias podem ser usadas, não é
necessário uma em particular. Entretanto, só existe um ponto de acesso: o Aqui
e Agora. Não existe salvação longe deste momento. Você está só, sem uma
companhia? Acesse o Aqui e Agora a partir da sua solidão. Você tem um
relacionamento? Acesse o Aqui e Agora a partir desse relacionamento.
Não existe nada que possamos fazer, ou obter, que nos
aproxime mais da salvação do que o momento presente. Não podemos fazer isso no
futuro. Ou fazemos agora ou simplesmente não fazemos.
Eckhart Tolle
Nenhum comentário:
Postar um comentário