As curas sempre ocorrem na medida de nossa compreensão da
verdade sobre Deus, sobre o homem, a idéia e o corpo. A cura nada tem a ver com
alguém “externo” chamado de paciente. Quando alguém pede uma ajuda ou cura
espiritual, termina aí o papel que desempenhava, até que nos alerte de sua
chamada “cura”. Nós não nos preocupamos com o assim chamado “paciente”, com sua
solicitação, com a causa da doença ou com sua natureza, nem com seus pecados ou
medos. Estamos apenas interessados na verdade do ser — a verdade de Deus, do
homem, da idéia e do corpo. A atividade desta verdade em nossa consciência é o
Cristo, o Salvador, ou a influência curadora.
O fracasso na cura resulta de grande falta de compreensão da
verdade sobre Deus, o homem, a idéia e o corpo, e estas noções erradas têm sua
origem principalmente nas crenças religiosas ortodoxas, ainda arraigadas em
nosso pensamento. Só poucos se apercebem de quanto foram cegos pela ortodoxia
supersticiosa.
Só há uma resposta à pergunta crucial “Que é Deus?”, e a
resposta é: “EU SOU”. Deus é a mente e a vida do indivíduo. Qualquer defesa
mental ou reserva íntima do indivíduo resultará certamente em fracasso. Existe
apenas um EU universal, quer seja dito por Jesus Cristo ou por um João
qualquer.
Quando Jesus disse “Aquele que vê a mim, vê Aquele que me
enviou”, revelou uma verdade ou princípio universal. E isto é insofismável. Ou
entendemos esta verdade ou não a entendemos — e se você não a entendeu, não
precisa nem procurar outras razões para o fracasso na cura. A revelação de
Jesus Cristo é clara. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” Se você não puder
aceitar isso como um princípio e, por isso, como a verdade sobre você mesmo e
sobre os demais indivíduos, não terá o alicerce sobre o qual se apoiar. A
verdade é que Deus é a mente e a vida do indivíduo. Deus é o único EU.
A seguir surge a questão, “Que é o homem?”, e a resposta é que
o homem é idéia, corpo, manifestação. Meu corpo é idéia, ou manifestação. E
assim também meu negócio, meu lar e minhas posses, existem como idéia, como
manifestação ou expressão. Por essa, e não por outra razão, meu corpo é a exata
imagem e semelhança de minha consciência e reflete, ou exprime, as qualidades,
o caráter e a natureza de minha própria consciência de ser.
Chegados pois a este ponto, entendemos que Eu sou Deus, que
Deus é a mente e a vida do indivíduo, que o corpo existe como idéia de Deus.
Deus, ou o EU SOU, é universal, infinito, onipotente e onipresente; por isso, a
idéia de corpo é igualmente indestrutível, imperecível e eterna. Nunca nasceu e
nunca morrerá. Nunca serei privado da percepção consciente de meu corpo e, por
isso, nunca estarei sem meu corpo.
Quando olhamos para o mundo com nossos olhos, não vemos nosso
corpo, não vemos esta idéia divina e infinita chamada corpo: o que vemos é um
conceito, mais ou menos universal, desta idéia. Quando vemos um corpo saudável,
uma bela flor ou árvore, estamos vendo um conceito bom da idéia de corpo,
árvore ou flor. Quando vemos um corpo envelhecido e adoentado, uma flor murcha
ou uma árvore seca, estamos vendo um conceito errôneo da idéia divina. Quando
melhoramos nosso conceito de idéia, de corpo ou manifestação, chamamos esta
concepção melhorada de cura. Na realidade, nada aconteceu ao tal paciente, ou
ao seu corpo — a mudança ocorreu apenas na consciência do indivíduo, e se
tornou visível como crença melhorada, ou cura. Por esta razão, apenas o curador
deve aceitar sozinho a responsabilidade da cura e nunca tentar repassar a culpa
do fracasso para a pessoa que lhe pediu ajuda. Pois todo indivíduo é EU SOU,
Vida, Verdade e Amor, e seu corpo existe como idéia eterna, espiritual e
harmoniosa, sujeita apenas às leis do Princípio, da Alma, do Espírito, e é
nosso privilégio, dever e responsabilidade conhecer esta verdade, e a verdade
libertará todos aqueles que se voltam para nós.
Como consciência individual, espiritual e infinita, eu
corporifico meu universo, corporifico ou incluo a idéia de corpo, de casa, de
atividade, de rendimento, saúde, riqueza e amizade, e estas estão sujeitas
apenas às leis espirituais e à vida. O corpo não age sozinho: ele é governado
harmoniosamente pelo poder espiritual. Quando o corpo parecer discordante,
inativo, superativo, instável ou aflito por dores, sempre há a idéia subjacente
a isso de que ele possa agir sozinho, que tenha o poder, por si, de se mover ou
não, de sofrer, de doer, de adoecer ou de morrer. E isto não é verdade. Ele não
dispõe de atividade ou inteligência próprias. Toda ação é espiritual, portanto,
ação boa e onipotente. Quando reconhecemos esta verdade, o corpo responde ao
conhecimento ou compreensão da verdade. Nenhuma mudança ocorre no corpo, pois o
erro nunca esteve nele. O que muda completamente é o conceito de verdade que é,
que foi e que sempre será. Lembremos aqui de que não há nenhum “paciente
externo”, nenhum corpo fora daqui a ser curado, melhorado ou corrigido.
Trata-se sempre de uma falsa idéia ou crença no pensamento do indivíduo que
deve ser corrigida.
Quando começamos a compreender que o corpo não age sozinho,
que ele apenas responde aos estímulos da mente, podemos desconsiderar as
chamadas condições físicas desarmônicas e nos fixar apenas na verdade de que a
Vida sempre se expressa harmoniosamente, perfeitamente e eternamente como a
divina idéia de corpo.
A compreensão de que EU SOU consciência espiritual, individual
e infinita, que corporifica toda idéia correta e a governa com harmonia, nos
trará saúde, harmonia, lar, emprego, reconhecimento, paz, alegria e domínio.
Compreender que isto é verdade para todos os indivíduos, desfaz a ilusão de
ódio, inimizade e hostilidade. E isto também faz de você um praticante, um
curador ou um mestre, mesmo que não faça desse trabalho uma profissão.
Passemos agora a encarar nossas superstições ortodoxas, para
delas nos livrarmos. Jesus foi enviado ao mundo para livrá-lo do pecado, da
doença ou da escravidão? Não, Deus, o Princípio infinito, a Vida, a Verdade e o
Amor não conhece o erro, o mal, o pecado nem o pecador. Jesus viu tão claramente
esta verdade que tal visão fez d’Ele o Salvador, o curador, o mestre; e o mesmo
poderá ocorrer conosco. A ação da Verdade na consciência individual é o único
Cristo. O Cristo nunca é uma pessoa. A ação da Verdade na consciência
individual constitui o único Cristo, sempre presente, aquele que era “antes de
Abraão”. Esta atividade da Verdade dentro de você é o seu Cristo. A ação da
Verdade na consciência de Buda revelou a natureza do pecado, da doença e da
morte como sendo ilusões ou miragem. Esta mesma ação de verdade na consciência
de Jesus Cristo revelou a nulidade da matéria; desdobrou-se como consciência
curadora, diante da qual desapareciam o pecado e a doença, e a própria morte
era vencida. Todo conceito errôneo, quer do corpo, do negócio, da saúde ou da
igreja, deve desaparecer na medida em que a idéia correta sobre isso se instala
na consciência individual e coletiva.
E que dizer da imaculada concepção, ou nascimento espiritual?
A imaculada concepção ou nascimento espiritual é o alvorecer da ação da Verdade
na consciência individual, ou a Cristo-Idéia. Apareceu em Jesus como a
revelação de que “Eu sou o caminho, a verdade e a vida… eu sou a ressurreição e
a vida… Aquele que me vê, vê Aquele que me enviou”. A ação da Verdade na minha
consciência, o Cristo de meu ser, está revelando que eu sou consciência
espiritual individual, infinita, que corporifica meu universo, incluindo meu
corpo, minha saúde, prosperidade, meu lar, minhas amizades, a eternidade e a
imortalidade.
Deixemos que a ação da Verdade em nossa consciência seja o
primeiro e único objetivo, e nosso Cristo se nos revelará, em seu modo
individualizado.
Não existe o mal. Por isso, paremos de resistir a uma
discórdia específica, ou a uma desarmonia da existência humana que se nos
depara agora. Tal aparente discórdia desaparecerá assim que formos capazes de
abandonar a resistência contra ela. E nossa capacidade de fazer isso está na
proporção de nossa percepção da natureza espiritual do Universo. E uma vez que
isso é verdade, é evidente que nem o céu nem a terra podem conter o erro de
qualquer natureza; assim, o pensamento humano não iluminado vê o erro bem ali
onde Deus brilha, a discórdia ali onde há harmonia, o ódio onde transborda amor
e o medo onde de fato está a confiança.
O trabalho em que nos envolvemos é a conscientização de que
somos consciência espiritual, infinita e individual, que incorpora dentro de
nós mesmos todo o bem. Este é o cântico que cantamos, o sermão que pregamos, a
lição que ensinamos e, até que nos venha a realização, será nosso tema, nosso
leitmotiv. É o fio prateado da verdade que une todas as mensagens.
Nada pode vir de fora de nós; nada pode nos ser acrescentado.
Já somos o vertedouro da consciência de onde jorra o Infinito. Aquilo que
recebe o nome de humano em nós deve ser aquietado, para se tornar uma clara
transparência através da qual nosso infinito Ser individual possa aparecer, se
expressar ou revelar.
Quando olhamos as cataratas do Niágara, podemos até imaginar
que, com tanta água a correr continuamente, venha a secar; mas, se olharmos
para além do quadro próximo, veremos o Lago Erie e perceberemos que se trata de
fato não de cataratas de Niágara, mas que este é o nome dado ao Lago Erie no
lugar onde se derrama no precipício formando a cascata. A inesgotabilidade da
cascata de Niágara é garantida pelo fato de que sua origem, aquilo que constitui
o Niágara, é na realidade o Lago Erie.
E assim é conosco. Nós somos o ponto onde Deus se torna
visível. Nós somos Deus-sendo o Verbo feito carne. Nossa fonte, aquilo que nos
constitui, é Deus — o Ser divino e infinito. Nós somos Deus-sendo, Deus-aparecendo,
Deus-se manifestando.
Conta a história que Marconi, quando ainda bem jovem, estava
seguro que seria aquele que daria ao mundo a comunicação sem fio, e não os
muitos cientistas mais velhos que o vinham tentando havia anos. Após cumprir
sua promessa, foi-lhe perguntado porque tinha tanta certeza de que seria
bem-sucedido. Ele respondeu que os demais cientistas estavam buscando
primeiramente um meio de vencer a resistência do ar às mensagens enviadas
através dele, enquanto ele já havia descoberto que não havia resistência
alguma.
O mundo combate uma força do mal, porém nós descobrimos que
não há tal força. Enquanto a matéria medica busca vencer ou curar as doenças e
a teologia luta para superar o pecado, nós aprendemos que não há realidade na
doença e no pecado, e as nossas assim chamadas curas se efetuam por causa desta
compreensão.
Sabemos que existem estas aparências humanas chamadas pecado e
doença, mas também sabemos que por causa da natureza espiritual infinita do
nosso ser, pecado e doença não são realidades; não são o poder do mal; elas não
têm um princípio de sustentação; por isso, elas existem apenas como
irrealidades aceitas por reais, ilusões aceitas como fatos, a interpretação errônea
daquilo que de fato é.
Nós nos amarramos com a crença de que haja um poder fora de
nós mesmos
— o poder do bem e do mal. Todo o poder foi dado a nós. E este
poder é sempre bom, por causa da Fonte infinita de onde emana. O reconhecimento
deste grande fato nos traz uma paz e uma alegria indizíveis, mas sentidas por
todos aqueles que entram na esfera de nosso pensamento. Isto nos torna amados.
Traz o reconhecimento e a recompensa. Garante-nos um lugar no coração dos
homens e se torna a base de infindável boa vontade.
Sempre que se defrontar com um problema, independentemente de
sua natureza, busque a solução dentro de sua própria consciência. Em vez de
correr de um lado para outro, de buscar uma resposta com esta ou aquela pessoa,
em vez de buscar a solução fora de si mesmo, volte-se para dentro.
Na quietude e no silêncio de sua própria mente, deixe que a
resposta para o problema brote por si mesma. Se fracassar uma, duas ou três
vezes, tendo se voltado para a paz de seu reino interior, em perceber a
resposta como um todo, tente de novo. Nunca será tarde demais, nem a solução
aparecerá tarde demais. Quando aprendemos a nos tornar dependentes deste meio
para lidar com nossos problemas e nossas experiências, nos tornamos cada vez
mais hábeis em reconhecer rapidamente a revelação da harmonia por parte de nossa
mente.
Por tempo demais buscamos nossa saúde, nossa paz e
prosperidade fora de nós mesmos. Voltemo-nos agora para dentro e aprendamos que
aqui, no reino de nossa consciência, nunca há fracasso ou desapontamento; nem
tampouco nos depararemos com delongas ou traições, sempre que encontrarmos a
calma de nossa própria Alma e a presença do Princípio que guia, que protege e
governa, e ampara cada passo de nossa jornada.
Não nos surpreendamos, pois, quando se nos revelar a grande
verdade de que nossa consciência é todo-poderosa e é o único poder que atua nos
nossos negócios, que controla e mantém nossa saúde, que nos dá a percepção e a
orientação necessárias ao nosso sucesso em todos os caminhos da vida. Isso o
espanta? Não é de admirar! Até agora acreditávamos que houvesse, algures, um
Poder deífico, uma Presença suprema que, se pudesse ser encontrada, nos
ajudaria, e até curaria nossos corpos de seus males.
Torna-se agora claro para nós que a Deus-consciência é a
própria consciência do indivíduo; é a onipotência e onipresença que nunca nos
deixará e nunca nos abandonará, mais próxima que nosso próprio alento. Não
precisamos dirigir-lhe preces, fazer-lhe pedidos ou buscar de algum modo o seu
favor: basta-nos este reconhecimento, que leva à completa percepção desta
verdade. A partir de agora, podemos relaxar e sentir a segurança desta presença
constante e o poder desta consciência iluminada. Agora podemos dizer: “Não
temerei aquilo que um homem possa me fazer”. Não mais recearemos condições ou
circunstâncias aparentemente externas ou fora do nosso controle. Sabemos agora
que tudo o que possa se tornar conhecido em nossa vida, ocorre de fato dentro
de nossa consciência e, por isso, sujeito a sua direção e controle.
Tampouco esqueceremos a profundidade do sentimento que
acompanha esta revelação dentro de nós, assim como o sentido de confiança e
coragem que imediatamente lhe vem a seguir. A vida já não é uma seqüência de
eventos problemáticos, mas uma jubilosa sucessão de fatos agradáveis. O
fracasso é visto como o resultado da crença universal em um poder externo a nós
mesmos; enquanto o sucesso seria a conseqüência natural de nossa percepção do
infinito poder interior.
O alívio do medo, das preocupações, da dúvida, deixa-nos
livres para atuarmos normalmente, de modo saudável e confiante. O corpo reage
imediatamente ao estímulo vindo do interior. Uma nova vitalidade, resistência e
harmonia física se seguem tão naturalmente como o repouso segue ao sono.
Bem pouco sabemos da vastidão de nossa riqueza interior até
conhecermos o reino de nossa própria consciência, o reino da Alma.
Quando, em silêncio, nos adentramos ao templo de nosso ser
para obter resposta a alguma pergunta importante ou a solução de um problema
vital, será melhor não formularmos nenhuma idéia por nós mesmos, não traçarmos
nenhum projeto nem permitir que nossa vontade sobre o assunto gere nossos
pensamentos. No lugar disso, aquietemos o mais possível nossa mente “tagarela”
e adotemos uma atitude de escuta. Não será nossa mente pessoal ou mente
consciente que nos dará uma resposta, nem a mente educada e formada pelo nosso
meio ambiente e nossa vivência, e sim a Mente de Deus, a nossa Realidade, a
Consciência criativa. E esta é melhor ouvida quando os sentidos e a mente
intelectual estão calados.
Esta divina Consciência não só nos mostra a solução de todo e
qualquer problema e a direção correta a seguir em qualquer situação mas, sendo
infinita, é a consciência de todo indivíduo e faz convergir todas as pessoas e
circunstâncias para o bem de todos.
Obviamente não podemos esperar que esta consciência universal
atue em nosso favor e provoque perdas ou destruição para outros. O que é
conseguido dentro e através do reino de nossa mente é sempre construtivo, quer
individual, como coletivamente. Por isso nunca pode ser um meio de prejuízo,
perda ou injúria para os outros. E nós nem dirigimos nosso pensamento para os
outros, ou projetamo-lo para fora de nós em qualquer direção. O que nossa mente
estiver desdobrando para nós, estará, ao mesmo tempo, operando como consciência
de todos os envolvidos na ocasião. Nós nunca precisamos nos preocupar em
“encontrar” alguma outra mente ou influenciar alguma pessoa. Lembremos de que a
atividade da Consciência da qual somos uma manifestação exerce sua influência
sobre todos aqueles que podem estar afetados ou envolvidos na situação ou no
problema.
Não há problemas sem solução na Consciência, e esta mesma
Consciência, que é nossa consciência individual, é o único poder necessário
para estabelecer e manter a harmonia de tudo o que nos diz respeito. É o nosso
voltar para dentro que traz à luz as respostas que já existem. Nossa atitude de
escuta nos torna receptivos à presença e ao poder dentro de nós. Nossos períodos
de silente contemplação revelam a força infinita e a energia construtiva, a
direção inteligente que sempre habita em nós. Descobrimos, pois, em nosso reino
mental, nossa Lâmpada de Aladim. Em vez de esfregá-la e exprimir um desejo, nos
voltamos para nosso interior em silêncio e ouvimos — e tudo o que for
necessário para o sucesso e a harmonia da vida, flui em abundância; nós
aprendemos a viver com alegria, saúde e sucesso —, não em função de qualquer
pessoa ou circunstância externa, mas por causa da influência e da graça
internas de nosso ser.
Já não há necessidade de tentar dominar nossos sócios ou
membros de nossa família. A lei interior mantém nossos direitos e privilégios.
Todo desejo bom de nosso coração é agora satisfeito sem conflitos, sem medos ou
dúvida.
Quanto mais aprendermos a relaxar e observar ligeiramente
nossos desejos, mais rapidamente e facilmente serão satisfeitos. Não nos é
solicitado que andemos sofrendo pela vida ou que lutemos sem descanso por algum
bem desejado — embora tenhamos falhado em perceber a presença de uma lei
interior capaz de determinar e manter nosso bem-estar material.
De início, pode nos parecer estranho perceber que leis
interiores governem eventos materiais — e pode parecer difícil, de início,
alcançar o estado de consciência em que tais leis do nosso ser profundo se
tornam expressões tangíveis. Nós o alcançamos, contudo, na medida de nossa
habilidade para relaxar mentalmente, para atingir uma paz e uma calma
interiores, e a partir disso contemplar silenciosamente as revelações que nos
vêm do nosso íntimo.
A quietude e a confiança logo nos trazem à presença da
realidade e das verdadeiras leis que nos governam.
Para que não surja em seu coração a pergunta de como uma lei
atuante em sua consciência, sem esforço volitivo ou direção, possa afetar
pessoas e circunstâncias externas, peço-lhe que observe o resultado do
reconhecimento das leis interiores e que verifique isto pela observação.
Ainda teremos clara a percepção do fato de que abarcamos nosso
mundo dentro de nós mesmos; que tudo o que existe, pessoas, lugares e coisas,
vive apenas dentro de nossa própria consciência. Nunca poderíamos ter
consciência de algo fora do reino de nossa própria mente. E tudo o que está
dentro do nosso reino mental é alegre e harmoniosamente regido e mantido pelas
leis interiores. Nós não dirigimos ou forçamos estas leis: elas operam
eternamente dentro de nós e governam o mundo exterior.
A paz interior se torna harmonia exterior. Assim que nosso
pensamento assumir a natureza da liberdade interior, perderá o sentimento de
medo, de dúvida e de desencorajamento. Quando a percepção de nosso domínio se
fixa no pensamento, tornam-se evidentes uma certeza maior, uma grande confiança
e firmeza. Tornamo-nos um novo ser, e o mundo reflete para nós este novo e mais
alto conceito que temos dele. Aos poucos, desenvolve-se dentro de nós uma nova
compreensão de nossos companheiros de jornada e de seus problemas, e brota de
nós mais amor, mais tolerância, mais cooperação, mais ajuda e compaixão.
Notamos que o mundo responde a este novo conceito que temos dele, e então todo
o Universo vem a nós e deposita seus tesouros em nossas mãos.
Muitos tratados e convênios alentadores têm sido firmados
entre homens e nações, e quase todos falharam, pois que nenhum documento pode
ser mais valioso que o caráter de quem o assina. Quando estivermos envoltos
pelo fogo de nosso ser interior, não precisaremos mais de contratos e acordos
escritos, pois fará parte de nossa natureza básica o ser honesto, justo,
inteligente e gentil — e estas qualidades são encontradas em todos que vêm
compartilhar nossa experiência no lar, no escritório, nas lojas e em todos os
caminhos da vida. O bem manifesto em nossa consciência volta a nós numa “medida
sacudida, cheia e transbordante”.
Nesse novo estado de consciência, somos menos aborrecidos com
as ações dos outros, menos impacientes com suas insuficiências, menos
incomodados com seus erros. Do mesmo modo, em vez de sermos impedidos e
limitados por condições externas, nós não as defrontamos, mas passamos por elas
com quase nenhuma preocupação. Percebemos que algo dentro de nós rege nosso
universo; uma Presença interior mantém a harmonia exterior. A paz e a quietude
de nossa Alma são a lei da harmonia e do sucesso do nosso dia-a-dia.
Tudo o que nos ocorreu antes disso será uma nulidade, se não
percebermos que, acima de todo conhecimento da verdade, devemos estar à sombra
do Cristo.
Quando o Cristo penetra na consciência do indivíduo, o sentido
pessoal de “eu” perde vigor. O Cristo se torna nosso ser verdadeiro. Não temos
desejos, vontades ou poderes por nós mesmos. O Cristo estende sua sombra sobre
nossa individualidade. Por vezes, ainda percebemos em nossa bagagem este
sentido de finitude que tenta se reafirmar e mesmo dominar uma situação. “Pois
o bem que quero, não faço; e o mal que não quero, este eu faço”, disse Paulo.
Deixemos, pois, claro que o “eu” pessoal não pode curar,
ensinar ou dirigir com harmonia. Ele deve ser mantido sob controle para que o
Cristo possa ter o completo domínio sobre nossa consciência.
O trabalho que é feito com a “letra da verdade”, com
declarações e os chamados tratamentos, é insignificante se comparado com aquele
conseguido quando rendemos nossa vontade e nosso agir ao Cristo.
O Cristo se torna mais claro à nossa consciência naqueles
momentos em que nos deparamos com problemas para os quais não temos resposta, e
não temos poder para superá-los; percebemos aí que “eu, por mim mesmo, nada
posso fazer”. Nesses momentos de auto-anulação, o Cristo docemente estende sua
sombra sobre nós, permeia nossa consciência e traz a “paz, sê quieto”, ó mente
atribulada.
No Cristo encontramos o repouso, a paz, o conforto e a cura. O
poder natural do sentido espiritual nos invade, e a discórdia e a desarmonia se
esvaem, como a escuridão desaparece com a chegada da luz. De fato, isto só é
comparável com o alvorecer; o influxo gradual de Luz divina clareia e dá cor à
cena em nossa mente, e desfaz uma a uma as ilusões dos sentidos, os recantos
mais escuros do pensamento humano.
A fadiga do dia-a-dia
quer nos subtrair este grande Espírito, até que tenhamos o cuidado de nos
recolher com freqüência ao santuário do nosso ser interior, e ali deixar que o
Cristo seja nosso hóspede de honra.
Nunca permita que conceitos vãos ou crença em poder pessoal o
afaste desta experiência sagrada. Esteja pronto. Fique receptivo. Aquiete-se.
Joel Goldsmith
Nenhum comentário:
Postar um comentário