Com que
rapidez formamos uma opinião e chegamos a uma conclusão sobre as pessoas!
O “eu”
autocentrado gosta de avaliar os outros, dar-lhes uma identidade e rotulá-los.
Todo ser
humano foi condicionado a pensar e agir de determinada forma – condicionado por
sua herança genética, pelas experiências da infância e pelo ambiente cultural
em que vive.
Tudo isso
não mostra o que a pessoa é, mas como parece ser. Quando você julga alguém,
confunde os modelos condicionados produzidos pela mente com o que a pessoa é.
Nossos
julgamentos também têm origem em padrões inconscientes e condicionados.
Você dá
aos outros uma identidade criada por esses padrões, e essa falsa identidade se
transforma numa prisão tanto para aqueles que você julga quanto para você
mesmo.
Deixar de
julgar não significa deixar de ver o que as pessoas fazem.
Significa
que você reconhece seus comportamentos como uma forma de condicionamento que
você vê e aceita tal como é.
Não é a
partir desses comportamentos que você constrói uma identidade para as pessoas.
Deixar de julgar liberta tanto você quanto o outro de se identificar com o
condicionamento, com a forma, com a mente.
Não é
mais o ego que conduz os relacionamentos.
Enquanto
o ego dominar sua vida, a maioria de seus pensamentos, emoções e ações virá do
desejo e do medo. Isso fará você querer ou temer alguma coisa que possa vir da
outra pessoa.
O que
você quer dos outros pode ser prazer, vantagem material, reconhecimento,
elogio, atenção, ou fortalecimento da sua identidade, quando se compara achando
que sabe ou tem mais do que os outros. Você teme que ocorra o contrário — que o
outro seja, tenha ou saiba mais do que você – e que isso possa de alguma forma
diminuir a ideia que você faz de si mesmo.
Quando
concentra sua atenção no presente – em vez de usar o presente como um meio para
atingir um fim -, você ultrapassa o ego e a compulsão inconsciente de usar as
pessoas como meios para valorizar-se ao se comparar com elas.
Quando dá
total atenção à pessoa com quem está interagindo, você elimina o passado e o
futuro do relacionamento – exceto nas situações que exigem medidas práticas.
Ao ficar
totalmente presente com qualquer pessoa, você se desapega da identidade que criou
para ela. Essa identidade é fruto da sua interpretação de quem a pessoa é e do
que fez no passado.
Ao agir
assim, você se torna capaz de relacionar–se sem os mecanismos autocentrados de
desejo e medo.
O segredo
dos relacionamentos é a atenção, que nada mais é do que calma alerta.
Como é
maravilhoso poder ultrapassar o querer e o medo nos seus relacionamentos.
O amor
não quer nem teme nada.
Se o
passado de uma pessoa fosse o seu passado, se a dor dessa pessoa fosse a sua
dor, se o nível de consciência dela fosse o seu, você pensaria e agiria
exatamente como ela.
Ao
compreender isso, fica mais fácil perdoar, desenvolver a compaixão e alcançar a
paz.
O ego não
gosta de ouvir isso, porque sem poder reagir e julgar ele se enfraquece.
Quando
você acolhe qualquer pessoa que entra no espaço do Agora como um convidado
nobre, quando permite que ela seja como é, a pessoa começa a mudar.
Para
conhecer outro ser humano em sua essência você não precisa saber nada a
respeito do passado ou da história dele.
Confundimos
o saber a respeito de alguém com um conhecimento mais profundo que não é
baseado em conceitos.
Saber a
respeito e conhecer são coisas totalmente diversas.
Uma está
ligada à forma; a outra, à ausência de forma.
Uma age
através do pensamento; a outra, através da calma e do silêncio.
Saber a
respeito de alguém ajuda por motivos práticos. Nesse sentido, não podemos
prescindir de saber a respeito da pessoa com quem nos relacionamos. Mas, quando
essa é a única característica de uma relação, ela fica muito limitadora e até
destrutiva.
Os
pensamentos e conceitos criam uma barreira artificial, uma separação entre as
pessoas.
Suas
interações não ficam presas ao ser, mas à mente.
Sem as
barreiras dos conceitos criados pela mente, o amor se torna naturalmente
presente em todas as relações humanas.
Quando
você observa uma pessoa e sente muito amor por ela, ou quando contempla a
beleza da natureza e algo dentro de você reage profundamente, feche os olhos um
instante e sinta a essência desse amor ou dessa beleza no seu interior,
inseparável do que você é, da sua verdadeira natureza.
A forma
externa é um reflexo temporário do que você é por dentro, na sua essência.
Por isso
o amor e a beleza nunca nos abandonam, embora todas as formas externas um dia
acabem.
Eckhart
Tolle
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