Posso ser conhecedor de todos os mistérios quânticos
e criar técnicas revolucionarias de catarses psicológicas, de curas físicas, de
reprogramação mental, energética, holística, mas, me responda, do que adiantará
se nada disso produzir amor?
Posso ser o melhor orador, debater com grandes
mestres, ter profundo conhecimento intelectual, psicológico, histórico, físico,
filosófico, mas, sinceramente, se nada disso me aprofundar na consciência do
amor, serei apenas um soberbo cheio de ideias.
Se eu souber todos os mistérios da neolinguística, me
tornar mestre em técnicas milenares, doutor em teologia, conhecedor de
fórmulas, sistemas, rituais sem a percepção de que nenhuma ferramenta, por mais
útil que seja, produzirá amor, serei um alegre com prazo de validade, sem paz,
sem felicidade, caminhando para a frustração até que outra novidade apareça.
Tudo pode ser bom, se deixarmos, tudo é apontamento,
caminho, mas nunca destino final, afinal, a consciência do amor se aprofunda em
simplicidade, no cotidiano, nas experiências, no “não saber”, no vazio, em cada
escolha, nas pequenas respostas à vida, em vida.
Cada um de nós faz sua própria viagem, cada uma
reflete o momento em que está e, sim, pode ser uma seta, um estágio que ajude
muito até que aprendamos a caminhar com as próprias pernas, seguros, gratos,
suficientemente maduros para entender que não se vive em maquetes, mas na vida,
nas ruas, nos relacionamentos, com gente diferente da gente, em ambientes
hostis muitas vezes, contraditórios outras tantas, expostos a completa
imprevisibilidade da vida, a não linearidade dos caminhos, das relações, das
experiências que se conectam, se vinculam, se desdobram e se enraízam em quem
se faz presente e não cobiça o controle.
Viva seus momentos, experimente, aprenda, cresça, há
muitas coisas boas, há muita gente legal, sim, muitos grupos, muitos caminhos,
muitas propostas, muitos fragmentos de verdade espalhados pela terra, uns tem
nomes orientais, outros ocidentais, outros tantos nem nomes tem, são “pequenos”
de mais para serem percebidos, há estradas e estradas em todos os cantos e,
cada vez mais, códigos diferentes, discursos aparentemente opostos que apontam
para o mesmo lugar, que se tocam no essencial e isso é maravilhoso!
Siga por onde seu coração mandar, conforme sua
cultura, sua história, seu momento, sua consciência, mas, não esqueça: nenhum
caminho pode produzir amor se não estiver conectado a prática da vida, as
experiências diárias, as contradições de existir em verdade, em presença, em
simplicidade, em amor. O que passar disso é só labirinto, um caminho com fim em
si mesmo e nada mais.
Flavio Siqueira
Blog Em Sintonia na Existência
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