Nosso
conceito de perdão tanto pode facilitar quanto limitar nossa capacidade de
perdoar. Por possuirmos crenças negativas de que perdoar é ―ser apático‖ com os erros alheios, ou mesmo,
é aceitar de forma passiva tudo o que os outros nos fazem, é que supomos estar
perdoando quando aceitamos agressões, abusos, manipulações e desrespeito aos
nossos direitos e limites pessoais, como se nada tivesse acontecendo.
Perdoar
não é apoiar comportamentos que nos tragam dores físicas ou morais, não é
fingir que tudo corre muito bem quando sabemos que tudo em nossa volta está em
ruínas. Perdoar não é ―ser conivente‖
com as condutas inadequadas de parentes e amigos, mas ter compaixão, ou seja,
entendimento maior através do amor incondicional. Portanto, é um ―modo de viver
O ser
humano, muitas vezes, confunde o ―ato de perdoar‖ com a negação dos próprios sentimentos, emoções e
anseios, reprimindo mágoas e usando supostamente o ―perdão‖ como desculpa para fugir da
realidade que, se assumida, poderia como consequência alterar toda uma vida de
relacionamento.
Uma das
ferramentas básicas para alcançarmos o perdão real é manter-nos a uma certa
―distância psíquica‖
da pessoa-problema, ou das discussões, bem como dos diálogos mentais que giram
de modo constante no nosso psiquismo, porque
estamos
engajados emocionalmente nesses envolvimentos neuróticos.
Ao
desprendermo-nos mentalmente, passamos a usar de modo construtivo os poderes do
nosso pensamento, evitando os ―deveria ter falado ou agido‖ e eliminando de nossa produção
imaginativa os acontecimentos infelizes e destrutivos que ocorreram conosco.
Em
muitas ocasiões, elaboramos interpretações exageradas de suscetibilidade e
caímos em impulsos estranhos e desequilibrados, que causam em nossa energia mental
uma sobrecarga, fazendo com que o cansaço tome conta do cérebro. A exaustão
íntima é profunda.
A mente
recheada de idéias desconexas dificulta o perdão, e somente desligando-nos da
agressão ou do desrespeito ocorrido é que o pensamento sintoniza com as faixas
da clareza e da nitidez, no processo denominado ―renovação da atmosfera mental‖.
É fator
imprescindível, ao ―separar-nos‖
emocionalmente de acontecimentos e de criaturas em desequilíbrio, a terapia da
prece, como forma de resgatar a harmonização de nosso ―halo mental‖. Método sempre eficaz,
restaura-nos os sentimentos de paz e serenidade, propiciando-nos maior
facilidade de harmonização interior.
A
qualidade do pensamento determina a ―ideação‖ construtiva ou negativa, isto é, somos arquitetos
de verdadeiros ―quadros mentais‖
que circulam sistematicamente em nossa própria órbita áurica. Por nossa
capacidade de ―gerar imagens‖
ser fenomenal, é que essas mesmas criações nos fazem ficar presos em
―mono-idéias‖.
Desejaríamos tanto esquecer, mas somos forçados a lembrar, repetidas vezes,
pelo fenômeno ―produção-conseqüência‖.
Desligar-se
ou desconectar-se não é um processo que nos torna insensíveis e frios, como
criaturas totalmente impermeáveis às ofensas e críticas e que vivem sempre numa
atmosfera do tipo ―ninguém mais vai me atingir ou machucar‖. Desligar-se quer dizer deixar
de alimentar-se das emoções alheias, desvinculando-se mentalmente dessas
relações doentias de hipnoses magnéticas, de alucinações íntimas, de
represálias, de desforras de qualquer matiz ou de problemas que não podemos
solucionar no momento.
Ao
soltar-nos vibracionalmente desses contextos complexos, ao desatar-nos desses
fluidos que nos amarram a essas crises e conflitos existenciais, poderemos ter
a grande chance de enxergar novas formas de resolver dificuldades com uma visão
mais generalizada das coisas e de encontrar, cada vez mais, instrumentos
adequados para desenvolvermos a nobre tarefa de nos compreender e de
compreender os outros.
Quando
acreditamos que cada ser humano é capaz de resolver seus dramas e é responsável
pelos seus feitos na vida, aceitamos fazer esse ―distanciamento‖ mais facilmente, permitindo que
ele seja e se comporte como queira, dando-nos também essa mesma liberdade.
Viver
impondo certa ―distância psicológica‖
às pessoas e às coisas problemáticas, seja entes queridos difíceis, seja
companheiros complicados, não significa que deixaremos de nos importar com
eles, ou de amá-los ou de perdoar-lhes, mas sim que viveremos sem enlouquecer
pela ânsia de tudo compreender, padecer, suportar e admitir.
Além do
que, desligamento nos motiva ao perdão com maior facilidade, pelo grau de
libertação mental, que nos induz a viver sintonizados em nossa própria vida e
na plena afirmação positiva de que ―tudo deverá tomar o curso certo, se minha
mente estiver em serenidade‖.
Compreendendo
por fim que, ao promovermos ―desconexão psicológica‖, teremos sempre mais habilidade
e disponibilidade para perceber o processo que há por trás dos comportamentos
agressivos, o que nos permitirá não reagir da maneira como o fazíamos, mas
olhar ―como é e como está sendo feito‖
nosso modo de nos relacionar com os outros. Isso nos leva, conseqüentemente, a
começar a entender a ―dinâmica do perdão‖.
Uma das
mais eficientes técnicas de perdoar é retomar o vital contato com nós mesmos, desligando-nos
de toda e qualquer ―intrusão mental‖,
para logo em seguida buscar uma real empatia com as pessoas.
Deixamos de ser
vítimas de forças fora de nosso controle para transformar-nos em pessoas que
criam sua própria realidade de vida, baseadas não nas críticas e ofensas do
mundo, mas na sua percepção da verdade e na vontade própria.
Aprendendo
a perdoar
Capítulo
10, item 2
Renovando
Atitudes - Francisco do Espirito Santo Neto ditado por Hammed
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