As nuvens que vagueiam pelo céu não têm raízes nem
lar... E o mesmo é verdadeiro em relação a seus pensamentos, e o mesmo é
verdadeiro em relação a seu céu interior: seus pensamentos não têm raízes, não
têm lar; tal como as nuvens, eles vagueiam. Assim você não precisa combatê-los,
nem sequer precisa tentar detê-los.
Isso deve tornar-se um profundo conhecimento em
você, porque sempre que uma pessoa se torna interessada em meditação, começa
por tentar deter o pensamento. E, se você tentar deter o pensamento, ele jamais
se deterá, porque o próprio esforço para detê-lo é um pensamento, o próprio
esforço para meditar é um pensamento, o próprio esforço para atingir o estado
de Buda é um pensamento. E como você pode um pensamento com outro pensamento?
Como pode deter a mente criando outra mente?
Você estará se agarrando à outra.
E isso continuará e continuará, até à náusea, e não terá fim.
Não lute, porque quem lutará? Quem é você? Apenas
um pensamento; portanto, não se faça campo de batalha de uma luta de
pensamentos.
Seja, antes, uma testemunha, observe apenas a flutuação dos
pensamentos. Eles cessarão, mas não porque você os tenha detido.
Cessarão
porque você se tornou mais receptivo, e não por qualquer esforço de sua parte;
não, dessa forma eles jamais cessam, eles resistem. Tente, e descobrirá: tente
deter um pensamento e o pensamento persistirá. Os pensamentos são obstinados,
irredutíveis. São hatha yogis, persistem. Você os repele e eles retornam um
milhão de vezes. Você se cansará, eles não.
(...) Se você tenta deter um pensamento, não o pode
deter. Ao contrário, o próprio esforço para detê-lo dá-lhe energia, o próprio
esforço para evitá-lo torna-se atenção. Assim, sempre que você quer evitar algo
dá demasiada atenção a esse algo. Se você não quiser pensar um pensamento, já
estará pensando nele.
(...) Não há necessidade de deter a mente. os
pensamentos não têm raízes, são vagabundos sem lar; você não precisa se
preocupar com eles.
Observe, simplesmente observe, sem olhar para eles;
simplesmente observe.
Se os pensamentos vêm, não se sinta mal por isso;
se você tiver a mais leve impressão de que eles não são bons, já começará a
combater. É certo e natural: assim como as folhas chegam para as árvores, os
pensamentos chegam para a mente. Isso está certo, é exatamente o que deveria
ser. Se eles não surgem, é belo. Conserve-se , simplesmente, dentro de si
mesmo, e olhe, olhe sem olhar.
E, quanto mais você olhar, menos encontrará; quanto
mais profundamente você olhar, maior número de pensamentos desaparecerão,
dispersar-se-ão. Desde que você saiba disso, tem a chave em sua mão. E essa
chave revela o mistério mais secreto: o mistério do estado de Buda.
As nuvens que vagueiam pelo espaço
Não têm raízes nem lar;
também assim são os pensamentos distintivos
vagando através da mente.
também assim são os pensamentos distintivos
vagando através da mente.
Desde que a mente-eu é vista,
cessa a discriminação.
cessa a discriminação.
E, desde que você possa ver que os pensamentos são
flutuantes, que você não é os pensamentos, mas o espaço nos quais eles flutuam,
você terá atingido sua mente-eu, terá compreendido o fenômeno da sua percepção.
Então, a discriminação cessará: então, nada será bom, nada será mau, nada a ser
desejado, nada a ser evitado.
Você aceita e se torna desprendido e natural. Você,
simplesmente, começa a flutuar com a existência, sem ir a parte alguma, porque
não há meta; você não se move em direção de alvo algum, porque não há alvo.
Você começa a gozar cada momento, seja o que for que ele traga — seja o que
for, lembre-se. E você pode gozá-lo, porque agora não tem desejos nem
expectativas. Você nada pede; portanto é grato ao que quer que receba. Só o
estar sentado e respirar é tão belo, só estar em algum lugar é tão maravilhoso,
que cada momento da vida torna-se uma coisa mágica, um milagre em si mesmo.
O S H O — Tantra: a Suprema Compreensão
Nenhum comentário:
Postar um comentário