Uma vez que pode sentir o que realmente está ali,
você tem uma escolha.
Na verdade, várias escolhas. Pode empurrar o sentimento
de volta para dentro. Pode se culpar por não ser uma boa pessoa. Pode atacar o
sentimento, lamentar ou se desculpar por ele.
Nenhuma dessas alternativas é produtiva, pois conduzem
às mãos da sombra, reforçando o sentimento indesejado e tornando-o ainda mais
indesejável. Parece estranho, mas os sentimentos têm sentimentos.
Sendo parte
de você, eles sabem quando são indesejados.
O medo coopera ao se esconder; a raiva coopera fingindo
não existir. Isso já é metade do problema. Como você pode curar um sentimento
indesejado, quando ele está agindo contra? Não pode. Até que você faça as pazes
com seus sentimentos negativos, eles persistirão.
A maneira de lidar com a negatividade é reconhecê-la.
Não é necessário nada mais. Nada de confrontos dramáticos, nada de catarse.
Sinta o sentimento, seja ele raiva, medo, inveja, agressividade ou qualquer
outra coisa, e diga: “Eu o vejo. Você me pertence”.
Você não precisa se sentir bem quanto ao sentimento
indesejado. Isso é um processo. A raiva e o medo retornarão, assim como
qualquer emoção profundamente oculta. Quando uma delas voltar, reconheça. A
medida que o tempo for passando, a mensagem será compreendida.
Seus sentimentos indesejados começarão a se sentir
indesejados.
Quando isso acontecer, você começará a ouvir a história deles.
Dentro de todo sentimento há uma história: “Sou assim por essa razão”. Seja
aberto para a história que surgir, independentemente de qual seja.
Todo trauma do passado, de um acidente
automobilístico a uma rejeição amorosa, desde perder o emprego até fracassar na
escola, tudo isso depositou resquícios na sombra. Você vem acumulando o que
alguns psicólogos chamam de “débito emocional com o passado”.
Para pagar esse débito, ouça a história que há por
trás dele. Digamos que a história seja: “Jamais superei o fato de não ter
conseguido entrar para o time de futebol” ou “Sinto-me culpado por ter roubado
dinheiro da bolsa de minha mãe”.
A maioria das histórias está enraizada na infância,
porque essa é uma época do aprendizado da culpa, da vergonha, do ressentimento,
da inferioridade e de toda a negatividade básica que trazemos conosco.
Tendo
ouvido a história, seja receptivo.
Diga a si mesmo que você teve uma razão válida para
se ater à negatividade. Você não tinha escolha, porque o sentimento foi
secretamente guardado, depois permaneceu escondido. Dessa forma, você não fez
nada de errado. Os sentimentos antigos ficaram por perto para protegê-lo de se
ferir do mesmo modo.
Agora, faça as pazes com isso, e você terá
transformado algo negativo em positivo. O medo não permaneceu para feri-lo; ele
achou que você precisasse estar atento no caso de outra mágoa — caso outra
garota o rejeitasse, outro parente debochasse de você, outro patrão o
despedisse.
Mas essas coisas não vão mais acontecer, pelo menos
não exatamente da mesma maneira. A última coisa que você quer é reciclar essas
antigas emoções. E claro que isso é bem tentador. Presos a uma situação
frustrante, todos somos tentados a recorrer ao nosso estoque de emoções, de
onde tiramos a raiva.
Em momentos de tensão, recorremos à ansiedade. No
entanto, se continuar reciclando antigas emoções, vai acabar apenas reforçando
o passado. Nenhum de nós precisa se proteger de uma infância que já passou há
muito tempo.
Mesmo que situações semelhantes aconteçam — não que
alguém possa prevê-las —, todos nós já somos excessivamente protegidos.
Não guardamos uma única razão para sermos
temerosos, mas dúzias e dúzias, e para não esquecê-las participamos do medo
coletivo dos inimigos, do crime, dos desastres naturais e outros mais.
Não há mal algum em fazer as pazes com o medo e a
agressividade se você puder. A psique ainda lembrará o que for necessário.
Depois de ter aprendido a lidar com a projeção,
você pode fazer a pergunta seguinte. Por que precisa se defender? Essa se torna
uma questão-chave, pois leva ao questionamento do principal motivo da
existência da sombra.
Deepak Chopra
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