terça-feira, 2 de dezembro de 2014

FAZER O BEM SEM VER A QUEM



"Muitas pessoas imaginam que, permanecendo frias, insensíveis, sem brilho, sem amor, podem ser bem sucedidas na vida. Coitadas! Se querem ser bem sucedidas, primeiro têm de se habituar a ser vivas, e só se tornarão vivas aprendendo a amar. Também para isso há exercícios a fazer. Quais? Vou ensinar-vos um muito fácil. Num momento em que ninguém esteja a ver-vos, erguei a mão enviando todo o vosso amor para a terra e para o céu, para os Anjos, para o Senhor, e dizei: «Eu amo-vos, amo-vos, e quero estar em harmonia convosco.» Habituando-vos a projetar assim no espaço algo de vibrante, de intenso, tornais-vos como uma fonte, como um sol.

Por que é que certas pessoas se refugiam por detrás de um rosto sinistro em que não se sente amor, nem bondade, nem sequer inteligência? Elas não se apercebem de quanto essa atitude é perniciosa, tanto para elas como para os outros. Elas devem aprender a expressar amor para se tornarem vivas, para que o seu rosto e o seu olhar sejam vivos, para que a sua presença seja viva."

"Muitas vezes, vós hesitais em manifestar a vossa bondade dizendo a vós próprios que ninguém apreciará o vosso gesto: os humanos são ingratos e mesmo maus – pensais vós –, não vale a pena procurar fazer qualquer coisa por eles. Pois bem, essa é uma maneira de pensar muito perniciosa, pois paralisa-vos naquilo que tendes de melhor.

Vós fizestes o bem e não fostes recompensados, é possível que até tenhais sido enganados. Mas compreendei, de uma vez por todas, que o vosso comportamento não tem de depender da atitude dos outros. Fazei o bem e não espereis nada, contai somente com Aquele que vê tudo, que sabe tudo. Só ele pode apreciar as vossas ações boas e generosas e, portanto, será d’Ele que virá a recompensa... mas talvez sob uma forma diferente daquela que estáveis à espera. Tereis melhor saúde, sereis mais fortes, mais sábios, mais felizes: não é essa a melhor recompensa?"

"Esforçai-vos por viver bem hoje, pois o amanhã ainda não existe e, inquietando-vos com ele, é como se vos lançásseis num vazio onde correis o risco de vos perder. É sobre o hoje que deveis trabalhar, pois o hoje não morre, só se prolonga, para se tornar o amanhã.

Jesus dizia: «Não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã cuidará de si mesmo.” Estas palavras obrigam-nos a meditar sobre a ideia de duração, de continuidade. Aquele que faz uma corrente deve velar pela solidez de cada elo dessa corrente, pois, se um só elo for frágil e se partir, de nada serve que todos os outros se aguentem: o conjunto é quebrado. Nós devemos, pois, viver cada dia segundo as leis divinas, para fazermos de cada dia um elo sólido e a cadeia não se quebrar. O dia de hoje é um novo elo que deve acrescentar-se aos outros, e é nesse elo que nós devemos concentrar-nos."

"Nós só representamos algo de grandioso e de belo na medida daquilo que fazemos para a coletividade, para toda a humanidade; é aí que assumimos o nosso verdadeiro valor, pois tornamo-nos colaboradores do próprio Deus.

Aquele que trabalha para o bem da coletividade é um obreiro no campo do Senhor. Os espíritos luminosos aproximam-se dele para o marcar com o seu selo e, uma vez que ele está marcado, é como se estivesse inscrito numa lista; ao lado do seu nome é anotado o que lhe é devido e todos os dias ele recebe um “correio”, a que também podemos chamar um “salário”. Esse salário assume diversas formas: força para o espírito, dilatação para a alma, luz para o intelecto, calor para o coração, saúde para o corpo físico."

"As pessoas sentem instintivamente que, para fazerem mal, devem esconder-se a fim de não serem apanhadas e condenadas. E, para praticarem o bem, pensam que podem mostrar-se! Algumas, por vaidade, até se exibem, e assim desencadeiam oposições, excitam a malquerença, a inveja. Quereis oferecer alguma coisa a alguém? Sede prudentes também nesse caso: talvez seja preferível não existirem testemunhas. E, por vezes, mais vale que aquele a quem fazeis bem ignore de onde isso lhe chega, pois o vosso gesto pode provocar nele reações inesperadas.

Em todos os relacionamentos com os outros, procurai ter em conta as relações complicadas que, em cada ser humano, a natureza inferior tem com a natureza superior."

"Esforçai-vos por só ter em consideração a natureza divina dos seres, a sua alma, o seu espírito; ela é que vós deveis servir. Não vos ocupeis a satisfazer os caprichos da sua natureza inferior, limitada, egoísta... Vós direis: «Sim, mas, se eu não cedo aos desejos da minha família, dos meus amigos, das pessoas no meu trabalho, só vou provocar descontentamentos.»  Deixai-os zangar-se, continuai a amar e a servir unicamente o seu lado divino!

Jesus dizia: «Deixai os mortos enterrar os mortos.”  Como interpretar estas palavras? Que mortos são esses? A natureza inferior, a personalidade, deve ser classificada entre os mortos e, se se procurar muito contentá-la e satisfazer os seus caprichos, acabar-se-á por morrer também. Jesus não se referia aos mortos dos cemitérios, esses estão onde devem estar; e só os corpos é que estão mortos, a sua alma está viva. Os mortos de que Jesus fala são os seres que não têm vida espiritual, porque se deixam ir demasiado atrás da sua natureza inferior, e não se deve perder o seu tempo e as suas energias a satisfazê-los."

"Faltam-vos, muitas vezes, os meios materiais para fazerdes todo o bem que gostaríeis de fazer? Isso não deve entristecer-vos. Ficai a saber que não sois assim tão desprovidos de meios. Quando vos cruzais com um mendigo na rua, dais-lhe algum dinheiro, porque não podeis dar-lhe mais, mas podeis ajudá-lo de outra maneira, usando o poder do pensamento. Parai um pouco mais adiante, concentrai-vos e projetai em todas as pessoas que passam o vosso desejo de fazer algo por aquele homem. O que não podeis dar, outros o darão por vós e, assim, tereis participado nessa dádiva.

Não penseis que a vossa generosidade está limitada ao que podeis fazer pessoalmente; ela também pode manifestar-se através de outros. E isso é válido para todos os casos em que quereis ajudar alguém mas não tendes possibilidades materiais para isso. O que conta é alimentardes sempre em vós bons pensamentos, com intensidade, para que eles inspirem noutros seres o desejo de os realizar."


Omraam Mikhaël Aïvanhov

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