"Muitas pessoas imaginam que, permanecendo
frias, insensíveis, sem brilho, sem amor, podem ser bem sucedidas na vida.
Coitadas! Se querem ser bem sucedidas, primeiro têm de se habituar a ser vivas,
e só se tornarão vivas aprendendo a amar. Também para isso há exercícios a
fazer. Quais? Vou ensinar-vos um muito fácil. Num momento em que ninguém esteja
a ver-vos, erguei a mão enviando todo o vosso amor para a terra e para o céu,
para os Anjos, para o Senhor, e dizei: «Eu amo-vos, amo-vos, e quero estar em harmonia
convosco.» Habituando-vos a projetar assim no espaço algo de vibrante, de
intenso, tornais-vos como uma fonte, como um sol.
Por que é que certas pessoas se refugiam por detrás
de um rosto sinistro em que não se sente amor, nem bondade, nem sequer inteligência?
Elas não se apercebem de quanto essa atitude é perniciosa, tanto para elas como
para os outros. Elas devem aprender a expressar amor para se tornarem vivas,
para que o seu rosto e o seu olhar sejam vivos, para que a sua presença seja
viva."
"Muitas vezes, vós hesitais em manifestar a
vossa bondade dizendo a vós próprios que ninguém apreciará o vosso gesto: os
humanos são ingratos e mesmo maus – pensais vós –, não vale a pena procurar
fazer qualquer coisa por eles. Pois bem, essa é uma maneira de pensar muito
perniciosa, pois paralisa-vos naquilo que tendes de melhor.
Vós fizestes o bem e não fostes recompensados, é
possível que até tenhais sido enganados. Mas compreendei, de uma vez por todas,
que o vosso comportamento não tem de depender da atitude dos outros. Fazei o
bem e não espereis nada, contai somente com Aquele que vê tudo, que sabe tudo.
Só ele pode apreciar as vossas ações boas e generosas e, portanto, será d’Ele
que virá a recompensa... mas talvez sob uma forma diferente daquela que estáveis
à espera. Tereis melhor saúde, sereis mais fortes, mais sábios, mais felizes:
não é essa a melhor recompensa?"
"Esforçai-vos por viver bem hoje, pois o amanhã
ainda não existe e, inquietando-vos com ele, é como se vos lançásseis num vazio
onde correis o risco de vos perder. É sobre o hoje que deveis trabalhar, pois o
hoje não morre, só se prolonga, para se tornar o amanhã.
Jesus dizia: «Não vos inquieteis com o dia de amanhã,
pois o amanhã cuidará de si mesmo.” Estas palavras obrigam-nos a meditar sobre
a ideia de duração, de continuidade. Aquele que faz uma corrente deve velar
pela solidez de cada elo dessa corrente, pois, se um só elo for frágil e se
partir, de nada serve que todos os outros se aguentem: o conjunto é quebrado.
Nós devemos, pois, viver cada dia segundo as leis divinas, para fazermos de
cada dia um elo sólido e a cadeia não se quebrar. O dia de hoje é um novo elo
que deve acrescentar-se aos outros, e é nesse elo que nós devemos
concentrar-nos."
"Nós só representamos algo de grandioso e de
belo na medida daquilo que fazemos para a coletividade, para toda a humanidade;
é aí que assumimos o nosso verdadeiro valor, pois tornamo-nos colaboradores do
próprio Deus.
Aquele que trabalha para o bem da coletividade é um
obreiro no campo do Senhor. Os espíritos luminosos aproximam-se dele para o
marcar com o seu selo e, uma vez que ele está marcado, é como se estivesse
inscrito numa lista; ao lado do seu nome é anotado o que lhe é devido e todos
os dias ele recebe um “correio”, a que também podemos chamar um “salário”. Esse
salário assume diversas formas: força para o espírito, dilatação para a alma,
luz para o intelecto, calor para o coração, saúde para o corpo físico."
"As pessoas sentem instintivamente que, para
fazerem mal, devem esconder-se a fim de não serem apanhadas e condenadas. E,
para praticarem o bem, pensam que podem mostrar-se! Algumas, por vaidade, até
se exibem, e assim desencadeiam oposições, excitam a malquerença, a inveja.
Quereis oferecer alguma coisa a alguém? Sede prudentes também nesse caso:
talvez seja preferível não existirem testemunhas. E, por vezes, mais vale que
aquele a quem fazeis bem ignore de onde isso lhe chega, pois o vosso gesto pode
provocar nele reações inesperadas.
Em todos os relacionamentos com os outros, procurai
ter em conta as relações complicadas que, em cada ser humano, a natureza
inferior tem com a natureza superior."
"Esforçai-vos por só ter em consideração a
natureza divina dos seres, a sua alma, o seu espírito; ela é que vós deveis
servir. Não vos ocupeis a satisfazer os caprichos da sua natureza inferior,
limitada, egoísta... Vós direis: «Sim, mas, se eu não cedo aos desejos da minha
família, dos meus amigos, das pessoas no meu trabalho, só vou provocar
descontentamentos.» Deixai-os zangar-se,
continuai a amar e a servir unicamente o seu lado divino!
Jesus dizia: «Deixai os mortos enterrar os mortos.” Como interpretar estas palavras? Que mortos
são esses? A natureza inferior, a personalidade, deve ser classificada entre os
mortos e, se se procurar muito contentá-la e satisfazer os seus caprichos,
acabar-se-á por morrer também. Jesus não se referia aos mortos dos cemitérios,
esses estão onde devem estar; e só os corpos é que estão mortos, a sua alma
está viva. Os mortos de que Jesus fala são os seres que não têm vida
espiritual, porque se deixam ir demasiado atrás da sua natureza inferior, e não
se deve perder o seu tempo e as suas energias a satisfazê-los."
"Faltam-vos, muitas vezes, os meios materiais
para fazerdes todo o bem que gostaríeis de fazer? Isso não deve
entristecer-vos. Ficai a saber que não sois assim tão desprovidos de meios.
Quando vos cruzais com um mendigo na rua, dais-lhe algum dinheiro, porque não
podeis dar-lhe mais, mas podeis ajudá-lo de outra maneira, usando o poder do pensamento.
Parai um pouco mais adiante, concentrai-vos e projetai em todas as pessoas que
passam o vosso desejo de fazer algo por aquele homem. O que não podeis dar,
outros o darão por vós e, assim, tereis participado nessa dádiva.
Não penseis que a vossa generosidade está limitada ao
que podeis fazer pessoalmente; ela também pode manifestar-se através de outros.
E isso é válido para todos os casos em que quereis ajudar alguém mas não tendes
possibilidades materiais para isso. O que conta é alimentardes sempre em vós
bons pensamentos, com intensidade, para que eles inspirem noutros seres o
desejo de os realizar."
Omraam Mikhaël Aïvanhov
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